quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Guarda teu pranto, criança,
pois as almas desistiram.
Recordas o que outrora
chamávamos de sonhos?
Ali, abrigávamos a esperança,
quando a mesma ainda existia.
Quem os tirou de nós?
Não queria esse destino para ti
Mas o mundo jamais compreendeu
Creio que seja duro demais
confrontar a realidade crua.
Os corpos que transitam,
as crianças sem nome na rua.
Os outros, poucos, espantados,
com a musa humilhada e nua.
Teu pranto não os alcança.

Atire-me

Atire-me nos abismos da alma
Envolva-me com a dor de anjos caídos
Não esconda a incontrolável lástima
No desepero ignorado
A salvação, um desejo negado
Preces sem resposta murmuradas no desalento
A queda eterna e a lembrança
O mais intenso sofrimento
O conhecimento- a oferta de sacrifício
Saber é descobrir-se vazio e perdido
Silêncio- o eterno suplício
Tomando a alma com desesperada melancolia
A felicidade- permitida apenas
Àqueles que não carregam o fardo
De conhecer o próprio fim
Atire-me nesse abismo
Nada me resta nesse mundo
A não ser a última lágrima
E a dor que dilacera
Como foi e como será
Por todo o sempre:
Anjos caídos, lágrimas, sofrimentos
Amores perdidos, desespero
E o abismo à minha frente:
Meu último e mais seguro refúgio
Como traçar o destino:
Arruinando um império,
profetizando um sonho?
É possível apagar a culpa
por toda a dor tão conhecida?
Confronte a realidade,
jamais tema o sonho.
Descubra o amor prometido,
abrace a esperança que resta.
Ande pelos quatro cantos da vida,
encontre a maior verdade
em um simples toque.
Antes que a rosa se torne espinho,
antes que a Bela se revele Fera,
desperte o amor em mim.