domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fantasmas e suas correntes
arrastadas na madrugada.
Riem, riem francamente
das almas penadas em vida.
Divertem-se com os sermões do sábado,
com o dízimo do domingo,
e com a alcunha de diabos.
Adentram as casas, com música ensaiada:
A vida é que é inquietante,
vivos sempre sorumbáticos, desconsolados,
rondam e matam até que encontram novo inimigo.
Soterrando os soldados de papelão, novo terror criado.

Viver em carne e osso, sina marcada:
Morte durante a semana, bem durante
a labuta estática ou a madrugada.
Ainda durante a overdose de tédio que se faz galante:
roupas de funeral de virgem para a jovem entorpecida.
Mais uma alma, mais um querido ente-
Desejado ente querido.
A foice sem sombra e sem som tem uma mão sufocante
que a tempo pousa sobre as horas de estafa e solidão da velha adormecida.
Estes fantasmas que conheço, apreciam boa companhia,
celebrarão noite e dia com a outra alma ainda aturdida-
que só se esquecerá daqui a milhões de dias.
Fantasmas com lembranças nubladas em dança circundante
pelas estrelas, constelações no Além-Vida.